Dia Internacional da Mulher!

Ora aqui está uma efeméride que nunca achei grande piada.

Será talvez por não gostar muito da coisa das florzinhas, sempre acompanhadas de toda uma comunidade masculina que se enche de sorrisos para com o género “desfavorecido”.

Existe ainda um grande número de pessoas que nem faz ideia do porquê ou do verdadeiro intuito deste dia 8 de março. Os que conhecem a história do infame incêndio, que vitimou uma série de mulheres, associam-no como único evento ao dia 8 de março, mas a história não é bem assim…

As origens do Dia Internacional da Mulher julga-se terem começado no ano de 1857. A 8 de março um grupo de trabalhadoras da indústria têxtil organizou uma marcha em Nova Iorque para exigir melhores condições de trabalho, pediam a redução da jornada diária para 10 horas e direitos iguais para homens e mulheres. Cinquenta e um anos depois, a 8 de março de 1908, um outro grupo de trabalhadoras em Nova Iorque escolheu a data para avançar com uma greve, homenageando assim as suas antecessoras. Queriam o fim do trabalho infantil e o direito de votar. Também noutros países da Europa, se registavam movimentos semelhantes, não sendo estes exclusivos à cidade de Nova Iorque.

Mas eis que chegamos ao evento mais emblemático, não a 8 mas sim a 25 de março do ano de 1911, em que nesse sábado, 146 mulheres morreram num incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova Iorque. Os relatos desse dia contam que as mulheres estavam trancadas num nono andar. Muitas morreram queimadas, outras preferiram atirar-se, em desespero, pelas janelas. Este acontecimento (acidental ou talvez não) tornou-se emblemático da falta de condições de trabalho para as mulheres. Finalmente, em 1975, a ONU oficializou o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

 

 

Assim, o incêndio em Nova Iorque faz parte da história da luta das mulheres, mas como enquadramento de toda uma circunstância social, não como único fator de criação do dia 8 de março.

Apesar de não o apreciar pelas suas características comerciais e que distorcem o seu significado, acredito que este dia ainda se reveste de extrema importância nos dias de hoje.

Este deveria ser, não o dia em que as senhoras recebem flores do sexo masculino por serem muito “lindas” mas sim um dia de reflexão, lembrando-nos dos ainda muitos problemas a resolver, como os da violência contra a mulher, do feminicídio, e da própria diferença salarial, que segundo os últimos dados, ainda subsiste com uma discrepância média de mais de 14% entre homens e mulheres.

Estas questões são de facto fulcrais para a evolução da nossa sociedade, mas quando entramos em processos de “compensação” excessiva, caímos em situações que não são de todo favoráveis ao nosso género. Não é agora tudo que “objetifica” a mulher e tem de ser banido! Pode-se dizer que os homens também o são frequentemente e não vejo ninguém a “gritar” e a proibir campanhas publicitárias, como se verificou ainda esta semana com a marca de roupa “Missguided”.

Por isso, vamo-nos centrar no essencial!

Não percamos tempo com minudências e extremismos. As mulheres não são de todo o sexo fraco nem precisam de quotas impostas, que independentemente das competências, do mérito ou experiência, garantem números a todo o custo! Temos sim, é de olhar para a nossa sociedade e para as nossas organizações e garantir que todos têm iguais oportunidades, independentemente do género, raça, orientação sexual ou outro.

Quando todas as mulheres deixarem de ser tratadas de modo diferente em função de estereótipos e preconceitos, ai sim, com toda a certeza não precisaremos de mais dias de flores.

 

Daniela Pinheiro